A vida é uma sucessão de estalos,
bons ou maus sucedidos, vai aí a estória do de hoje.
Preciso olhar para mim! Mas Como?
O mundo está caindo sobre as nossas
cabeças. Colapsos políticos e naturais iminentes, pessoas morrendo por racismo,
homofobia, todos os dias. A luta contra o machismo que destrói nossas vidas em
vários graus de supressão de nossas vontades. Seca e fome na perspectiva do
aquecimento global.
Buscar entre as
estrelas aquela que orienta a tua existência. Alba Maria
O que não quer dizer também que
iremos em direção à mesma estrela. Muito pelo contrário, são infinitas
possibilidades, mas há aquela na qual nos sentimos em paz no caminho.
Gerações diferentes, jeitos
diferentes de ser, de ver as coisas, de enxergar o mundo. Quantas histórias na
história foram como essa? Não importa! Para a gente sempre é impactante não ser
compreendido.
Porque nasci nessa família?
Poderiam ser meus pais como os
pais daquela minha amiga, que viajou com a mãe de kombi, ou aquela outra que
tem um atelier de artes em Lençóis, faz circo, fuma ganja, não tem besteiras, não ligam tanto pra
sapatos, roupas e unhas e bla bla blas de aparência.Mas qual a minha realidade?
E a de todas as amigas também? Possuem, possuirão ou possuíram conflitos com os
pais, sem dúvidas.
O meu atual é crítico, construí um
patrimônio, uma casa, que me custou minhas economias de um ano e meio de
trabalho duro. E o projeto inicial era construí-la para morar enquanto
reformava a casa debaixo, da minha avó. Assim possuiria um imóvel, me
libertando de um custo de vida*, o aluguel. E geraria uma fonte de renda, se
preferisse alugar.
Não importava, pois ao terminar
toda a obra, teríamos casa para toda a família ou aluguel para toda a família.
Até que fui demitida.
Fui demitida e foi a melhor coisa
que me aconteceu, o emprego estava realmente me consumindo.
Energética-física, mental e
emocionalmente. Me estuprando o juízo. Me expondo a saúde. E disso família nem
se importa se tá dando grana.
Parei na metade da obra. Só
construí a casa de cima, um chalezinho charmoso e diferente do meu gosto rústico.
Mesclado com as vontades minhas, mas sempre passando pela aprovação da minha
mãe ( leonina autoritária e obstinada).
Ficou algo indefinido, nem eu nem
ela completamente, um quadro em branco a ser pintado.
Mas aí, em apenas uma semana de
convívio, eu e minha mãe no mesmo espaço. Deu colapso.
Colapso de gerações mesmo. Um
trabalhador da obra definia como hilário ver a mãe de 1980 e a filha de 2030.
* inacreditável, o ser
humano ser o único animal imbecil que tem que pagar pra viver.
Passeando com uma amiga, com o
mesmo problema, mas um pouco diferente.
Incompreendida pela família
evangélica e tratada por um psiquiatra. Ela teve um surto. Tem um perfil calmo,
mas de repente, explodiu e agrediu os familiares com palavras grosseiras.
Grande coisa, tem gente que faz isso o tempo todo e com razão.
Na minha opinião. Paciência tem
limites. Isso sim. E ela, como boa taurina, teve a reação que se espera. A
gente sempre vê o touro tranquilão no pasto, mas quando menos se espera ele
mete-le a chifrada, ainda mais se provocar o bichinho, deixa ele quieto na dele
poh.
Ela me explicou o que aprendeu com
isso: Existe uma Monique que eu posso ser com você, que não ve nada demais em
ser o que se é, e fazer o que se gosta.
E uma outra pra ser com minha mãe
e minha família.
Para que eu entendesse melhor, ela
fez a analogia. Uma Monique não vê nada demais em, por exemplo, não se querer
raspar as axilas todos os dias. E isso por sinal, a incomoda muito, porém
ela prefere ver como uma forma de
agradecer ao amor da mãe dela.
Eu retiro meus pêlos das axilas em
forma de oferenda, definiu.
Bingo! Desse jeito ficou fácil
para mim. Sou espirituosa, e sempre ofereço às minhas mães presentes. Mãe Oxum
da água doce, Mãe Odoyá, rainha do mar e mãe de todos os orixás, Deusa-Mãe (a
grande Mãe natureza)!
O problema é qual o limite disso?
Uma boa notícia é que a gente pode escolher o que quer oferecer. E à minha mãe,
como a conheço, eu devo oferecer a casa e minhas visitas sempre com uma boa
aparência, em prol da paz e harmonia.
Se essa é a lógica na qual
funciona a mente dela, Leoninos e a aparência, é até bem óbvio que ela estará
me analisando através disso.
E realmente, estou rebelde comigo
mesma. Nascemos todos lindos perante a Natureza. Porém, é da nossa natureza
observar e contempla-la. Se gostamos de vê-la bela e exuberante, não posso ser
o espelho dela abandonada. Mas é que sou escorpiana e vejo beleza na natureza
intacta, às vezes coberta de ervas daninhas, animais peçonhentos e odores
naturais. Tudo é natureza.
Mas se posso escolher em um
determinado momento parecer um pôr-do-sol colorido no horizonte, ou uma noite
bela e enluarada, deixemos o pântano e a lama cinzenta de mangue para apreciar
nos momentos que estiver com seres do mesmo século ao meu lado.
O problema é, não vai dar de
oferenda a sua vida de bandeja para as vontade de sua bendita mãe, pois ela
sinceramente, pode errar feio no palpite. Ela não é um ser ascensionado do
astral, ela é outro ser humano como você. Na busca de cumprir seus objetivos e
ser feliz ao modo dela. Você deve fazer o mesmo em relação a si. Sabendo
considerar também as diferenças. O modo dela NÃO É O SEU. E vice-versa.
Nós aprendemos a respeitar o modo
de vida deles, mas ninguém nunca os ensinou a respeitar os nossos. Eles sempre
vão querer que sejamos o reflexo de algo que eles imaginam. Porém o que eu
imagino de melhor pra mim não tem nada a ver com o que ela gostaria (ainda
bem). Não faço parte desse ideal consumista, materialista e voltado a
aparências nem de longe e isso ela terá de entender e aceitar. Mas como
oferenda em troca de todo amor que ela me doa, oferecerei-lhe uma bela
aparência largada mas bonitona. Confortável porém chique. Coerente com o que
acredito mas sem gerar tantos choques visuais.
Algo do tipo, que terei que elaborar ainda, mas vai dar certo.
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